A phmetria de 24 horas é um procedimento que permite avaliar a presença de ácido no esôfago. É um exame realizado ao longo de 24 horas permitindo ao médico realizar o diagnóstico de DRGE. A pHmetria prolongada consiste no registro do pH da luz esofágica durante 24 horas, sendo o paciente estimulado a manter suas atividades habituais. Podem ser utilizados cateteres com 1 a 4 sensores, os quais devem ser escolhidos de acordo com a suspeita clínica. O sensor padrão do método deve ser colocado 5 cm acima do bordo superior do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI).
O objetivo do exame é identificar os episódios de refluxo ácido (que é considerado o evento mais importante na fisiopatologia da Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE), permitindo a correlação dos episódios de refluxo com os sintomas. Considera-se refluxo ácido quando o pH na luz esofágica é menor ou igual a 4. A pHmetria não tem a capacidade de identificar refluxo alcalino, já que o pH no esôfago é freqüentemente 7 ou mais, principalmente durante a deglutição de saliva.
Indicações do exame
As principais indicações de pHmetria são:
Pacientes com sintomas típicos de DRGE que não apresentam resposta satisfatória ao tratamento clínico cuja endoscopia não revelou dano à mucosa esofágica. Nesses casos, o exame deve ser realizado na vigência de medicação;
Pacientes com manifestações atípicas extra-esofágicas sem a presença de esofagite. Nesses casos, é recomendada a realização da pHmetria de duplo canal para a caracterização simultânea do refluxo gastroesofágico (distal) e do refluxo supra-esofágico (laringo-faríngeo);
Pré-operatório de casos bem caracterizados em que a endoscopia não revelou esofagite;
No controle de pacientes com sintomas discretos, porém com refluxo intenso e que necessitam de controle ácido eficiente. Por exemplo, portadores de estenose esofágica péptica e/ou esôfago de Barrett.
Atualmente, a maioria dos pacientes que serão submetidos a tratamento cirúrgico realiza pHmetria pré-operatória. Não se trata de indicação absoluta, porém o exame é bastante útil não só para documentar adequadamente a DRGE, mas também para servir de parâmetro comparativo, junto com a manometria pré-operatória, para avaliação de sintomas, recidiva ou complicação pós-operatória.
Preparação para o exame
A preparação para a pHmetria esofágica é muito simples. O paciente deve permanecer em jejum absoluto cerca de 6 horas antes do exame. O médico geralmente quer estudar o esôfago da sua forma mais natural, ou seja, o paciente não deve estar usando remédios que possam afetar a função do esôfago. O paciente deve ser informado sobre quais as medicações que podem e quais as que não podem ser usadas.
As seguintes substâncias/drogas podem afetar a contratilidade do esôfago. Elas geralmente devem ser suspensas no mínimo 7 dias antes do exame. São elas:
Cafeína/café;
Metoclopramida;
Domperidona;
Eritromicina;
Nitratos;
Bloqueadores de Canal de Cálcio;
Betabloqueadores;
Cimetidina;
Ranitidina;
Famotidina;
Omeprazole;
Lanzoprazole.
Confira com seu médico as medicações em uso e o potencial efeito delas sobre o resultado do exame. Além disso, é fundamental que os pacientes encaminhados para pHmetria esofágica sejam orientados a trazer o laudo de endoscopias prévias. Tal cuidado é importante para que sejam detectadas situações que porventura possam dificultar a passagem das sondas (divertículo de Zenker, hérnias hiatais volumosas, obstruções mecânicas, entre outras).
O procedimento
Aplica-se em uma das narinas um gel anestésico para a introdução do eletrodo. Através de uma das narinas, o eletrodo é colocado no esôfago, sendo sua parte externa fixada na superfície do nariz, com fita adesiva. Outro eletrodo de referência é preso ao tórax do paciente e, finalmente, ambos eletrodos são conectados a um aparelho portátil (Sigma Instrumentos, Belo Horizonte, Brasil).
As principais variáveis que são estudadas na pHmetria e que compõem o Escore de DeMeester são: número de episódios de refluxo em 24 horas, número de refluxos com duração superior a 5 minutos, duração do maior refluxo, percentual de tempo total de refluxo, percentual de tempo de refluxo em posição ortostática (de pé) e percentual de tempo de refluxo em posição supina (deitada).
O que fazer durante o período de monitorização
NÃO ingerir café puro, chás e bebidas gasosas;
manter as atividades cotidianas habituais;
anotar, na folha própria fornecida pelo laboratório, os horários das refeições, os horários dos períodos em que permaneceu deitado e os horários dos sintomas apresentados;
retornar ao laboratório no dia seguinte, no horário combinado, para retirar o equipamento.
Resultados
A pHmetria esofágica de 24 horas, em comparação com os outros testes diagnósticos, é o método que apresentou os melhores índices de sensibilidade e especificidade, ambos em torno de 96%. A razão para isso é que, enquanto os outros testes avaliam de modo indireto a presença do refluxo ácido no esôfago, a pHmetria realmente mede a quantidade e o tempo de exposição do conteúdo gástrico ácido sobre a mucosa esofágica. No entanto, apesar de pHmetria ser considerada o padrão-ouro, pode apresentar resultados falso-negativos, ou seja, é um método diagnóstico que se soma à endoscopia, porém sem substituí-la.
Conclusões
A pHmetria esofágica de 24 horas é um método muito útil no diagnóstico da DRGE e na avaliação do tratamento (clínico ou cirúrgico). Portanto, deve ser encarada como uma ferramenta a mais a ser oferecida aos pacientes com DRGE.
Assista ao vídeo sobre os exames para o diagnóstico do Refluxo Gastroesofágico.