A Unidade de Cirurgia Digestiva é responsável pelo atendimento a pacientes com doenças cirúrgicas da parede abdominal, esôfago, estômago, fígado, vias biliares, pâncreas e intestino.
Definição
A inflamação aguda do apêndice cecal está entre as causas mais comuns de dor abdominal em pacientes que necessitam de cirurgia. Este órgão possui formato tubular em fundo cego, e desemboca na porção inicial do intestino grosso. Desta forma, a obstrução completa ou parcial do apêndice inicia um processo inflamatório-infeccioso conhecido como apendicite aguda.
Quadro clínico
Inicialmente, os sintomas são inespecíficos, e podem lembrar qualquer tipo de indisposição gastrointestinal. Dor abdominal difusa, desconforto na “boca do estômago” ou ao redor do umbigo, são freqüentes. O paciente pode perder o apetite, e evoluir com enjôos, vômitos e episódios de diarréia. Usualmente, após algumas horas, os sintomas se exacerbam, e uma característica importante da apendicite aguda é o surgimento de uma nova dor, mais aguda, localizada no quadrante inferior direito do abdome, que pode prejudicar, inclusive, a caminhada. Casos avançados podem cursar com dor abdominal intensa, febre e piora do estado geral, resultante da contaminação generalizada do abdome.
É importante lembrar que a apendicite aguda tem diversas formas de apresentação, e nem sempre segue a cronologia descrita acima. Na verdade, qualquer dor abdominal com duração superior a seis horas, sem alívio, deve ser avaliada por um médico.
Diagnóstico
Para complementar a história e o exame físico, são necessários exames de sangue e imagem. Os mais comuns são raio-x do abdome e ecografia, mas em alguns casos podem ser necessários exames mais específicos (tomografia computadorizada de abdome, por exemplo).
Tratamento
Uma vez feito diagnóstico, está indicado o tratamento cirúrgico. A via de acesso – laparoscópica (cirurgia por vídeo) ou laparotômica (cirurgia com corte) – e a necessidade de complementação do tratamento com antibióticos ou outras medidas vai depender de cada caso e do tempo de evolução da doença.
Evolução
Pacientes com doença em estágio inicial tem, normalmente, evolução muito favorável e tempo de internação curto, com retorno breve às suas atividades habituais. Logo, o tempo é o principal aliado nas doenças agudas do abdome. Sempre que houver suspeita, um médico deve ser consultado.
Quem pode ter pedra (cálculo) na vesula?
Pedra ou cálculo da vesícula é uma doença bastante comum. Cerca de 10% das pessoas tem pedra (cálculo) na vesícula. Qualquer pessoa pode ter pedras na vesícula, mas algumas têm maior possibilidade, como:
- Idade – é mais comum nos adultos e idosos
- Mulher – mais comuns nas mulheres que nos homens, principalmente nas que já ficaram grávidas
- Obesidade – quanto mais gordo, maior a possibilidade, porém não exclui os magros
- Hereditariedade – as pessoas que têm familiares com cálculo possuem mais chance de ter esta doença
Como a pedra (cálculo) é formada na vesícula?
A bile é produzida no fígado e eliminada no intestino. A bile ajuda na digestão dos alimentos gordurosos. Ela contém várias substâncias, entre as quais colesterol e pigmentos. Quando algumas dessas substâncias aumentam em quantidade na bile, elas podem se depositar na vesícula. Com o passar dos meses e anos, estes depósitos se unem e formam pedras (cálculos).
Como são as pedras (cálculos)?
O número, tamanho, forma e cor das pedras são bastante variáveis. Algumas pessoas têm apenas uma pedra, enquanto outras têm mais de 1000. Da mesma forma, as pedras podem variar de tamanho de 1 mm (grão de areia) até 10 ou 15 cm.
Diagnóstico
O melhor método para diagnosticar pedra na vesícula é a ultrassonografia ou ecografia do abdome. A tomografia pode falhar e não mostrar as pedras.
Sintomas e complicações causados pela pedra na vesícula.
A pedra na vesícula pode ocasionar sintomas intensos e graves, sendo os mais comuns:
- Dor intensa no abdome (barriga), no lado direito ou na boca do estômago. Esta dor geralmente dura de 30 minutos a 2 horas, mas quando for mais prolongada pode indicar que está ocorrendo uma complicação. Náuseas (enjôo), vômitos repetidos e dor, são sinais de inflamação ou infecção da vesícula (colecistite aguda), infecção na bile (colangite), icterícia (amarelão), ou pancreatite aguda (inflamação do pâncreas) que são situações graves e o médico deve ser procurado.
- A maioria dos pacientes que tem pedra na vesícula nunca teve sintomas. Não existem dados médicos que permitam determinar quais pacientes terão sintomas. A probabilidade de sintomas ou complicações não depende do número de cálculos. Ás vezes uma pequena e única pedra pode causar situações graves como a pancreatite aguda.
Tratamento
A única forma de tratamento da pedra ou cálculo da vesícula é a retirada da vesícula biliar (colecistectomia).
Outros tratamentos, como litotripsia (“quebrar a pedra” com aparelhos especiais) e medicamentos para dissolver a pedra, não dão bons resultados e não devem ser usados, pois prejudicam e atrasam o tratamento correto.
Atualmente o tratamento da pedra da vesícula é muito eficaz, desde que o paciente não apresente complicações pré-peratórias.
A retirada da vesícula pode ser realizada por via laparoscópica na maioria dos pacientes (“operação dos furinhos”). Inicialmente, é injetado gás (gás carbônico) dentro do abdômen para criar um espaço, onde o cirurgião poderá fazer a operação com segurança. Após a realização de 4 furinhos de meio a um centímetro, uma câmera de televisão pequena é colocada dentro do abdômen através de um dos furinhos para que o cirurgião e sua equipe visualizem os órgãos intra-abdominais. Os instrumentos (pinças, tesouras, etc) são colocados através dos outros furinhos para realizar a colecistectomia.
Todos pacientes que tem pedra na vesícula precisam operar?
Os que já apresentam sintomas devem ser operados, porque a possibilidade de repetirem os sintomas ou outras complicações é muito elevada. O médico poderá ajudá-lo a decidir se a operação é a melhor opção para você. Esta decisão deve ser tomada após considerar alguns dados, tais como: sua idade, sintomas, há quanto tempo você tem a pedra e se você tem outras doenças que podem agravar o problema da vesícula e ou aumentar o risco da operação.
Após a retirada da vesícula, vou ter algumas restrições na minha alimentação?
Você não precisará modificar a sua dieta após a operação, porque a vesícula tem uma função pouco importante no organismo, que é a de armazenar bile. Esta função está prejudicada na pessoa que tem cálculos. A produção da bile pelo fígado continua normal após a retirada da vesícula. Não existe nenhuma seqüela ou conseqüência para o organismo após a retirada da vesícula com cálculos.
Exames pré-operatórios:
- Ecografia do Abdome
- Radiogarfia do Tórax
- Eletrocardiograma
- Exames Laboratoriais (hemograma, plaquetas, tempo de protrombina, glicemia, creatinina, bilirrubinas, enzimas hepáticas, etc)
Vantagens do tratamento cirúrgico
- Recuperação rápida, pois a maioria dos pacientes fica internada no hospital somente 1 dia, com retorno ao trabalho precoce e a liberação para atividades esportivas em 15 a 20 dias
- Resolução completa e definitiva da doença
- Pouca dor pós-operatória e cicatriz cirúrgica mínima
- Risco de infecção pequeno
Complicações da colecistectomia
Como em qualquer procedimento cirúrgico podem ocorrer eventos como sangramento, infecção, e riscos da anestesia, entre outros. Caso não seja possível realizar a operação pela técnica videolaparoscópica (“técnica dos furinhos”), poderá ser necessário fazer uma incisão (corte) maior no seu abdômen para terminar a operação. Os riscos da operação são mais comuns nos pacientes que apresentam doença grave ou complicações pré-operatórias como inflamação da vesícula (colecistite aguda), icterícia, pancreatite aguda, migração de cálculos para o canal da bile, infecção da bile, etc. Nestas situações, a cirurgia é de urgência e mais difícil de ser executada. Por estes motivos a indicação precoce da cirurgia evita estas complicações graves.
Orientações pós-operatórias
- A recuperação da operação é geralmente muito rápida e a maioria dos pacientes voltam as suas atividades normais em poucos dias. As orientações abaixo devem ser seguidas para que você tenha pouco desconforto e sua recuperação ocorra sem intercorrências.
- Não tem dieta especial. Você pode comer ou ingerir qualquer alimento que você queira, inclusive alimentos sólidos. Alguns pacientes podem apresentar náuseas e vômitos no primeiro dia após a operação devido aos medicamentos e anestésicos recebidos. Se você tiver náuseas e vômitos, ingira somente líquidos em pequenas quantidades de cada vez. Estes sintomas geralmente desaparecem em 1 ou 2 dias, após o organismo eliminar os medicamentos recebidos no hospital. Se as náuseas e vômitos persistirem após este período, procure o seu médico.
- Dor no ombro é freqüente após este tipo de operação. Esta dor é conseqüente á irritação de um nervo que fica entre o abdômen e o tórax. Ela não é devida á torção ou mau jeito no ombro. A dor no ombro geralmente desaparece em poucas horas ou dias. Se ela for intensa,
tome o analgésico (remédio para dor) prescrito pelo seu médico. - Os cortes (furinhos) serão fechados com pontos e cobertos com curativo (micropore). É comum que ocorra equimose (“azulado” ou “roxo”) ou pequenos sangramentos. Isto é normal, não se preocupe. Troque o curativo e limpe com soro fisiológico. Pode tomar banho completo e trocar o micropore. Entretanto, se o corte tiver aparência de infecção (vermelho, com secreção de pus ou com cheiro forte), contacte seu médico.
- Respire fundo 3 vezes a cada hora para expandir melhor o pulmão e evitar complicações, como febre e pneumonia.
- Evite ficar muito tempo deitado ou sentado. Procure andar várias vezes ao dia, subir escadas não há perigo. Assim que você tiver se movimentando rápido e com pouca dor, pode dirigir. Você poderá erguer até 10 kg no primeiro mês e após este período você não tem mais limitações.
- Em caso de dúvidas ou se apresentar alguma outra complicação, procure o seu médico.
Definição
O refluxo gastroesofágico é caracterizado por uma doença crônica na qual ocorre o refluxo do ácido do estômago para o esôfago (tubo de alimentação), podendo acometer qualquer pessoa, desde as pessoas mais jovens até os idosos. É mais comum em indivíduos após os 40 anos de idade.
No funcionamento normal do aparelho digestivo, o esfíncter esofagiano inferior (válvula localizada entre o esôfago e o estômago) não permite esse refluxo, porque sua função é abrir a passagem para a descida dos alimentos e, posteriormente, fechá-la, evitando o retorno do material gástrico ácido.
Causas
O refluxo ocorre quando a válvula inferior do esôfago (esfíncter) não se fecha adequadamente, permitindo que o ácido do estômago retorne para dentro do esôfago. Esse processo pode acontecer sem nenhuma causa aparente, porém alguns fatores de risco contribuem para o desenvolvimento da doença, como obesidade, excesso de bebidas alcoólicas, tabagismo, e consumo de alimentos gordurosos.
Outra forma de essa doença se desenvolver é devido a presença de uma Hérnia de Hiato, ou seja, quando o hiato, orifício pelo qual o esôfago atravessa o diafragma (músculo que separa o tórax do abdômen), se dilata mais do que deveria. Dessa forma, a porção superior do estômago escorrega para cima do diafragma e, consequentemente, por estar no tórax esse esfíncter não irá funcionar corretamente. A Hérnia Hiatal é progressiva e após seu surgimento tende a aumentar de tamanho com o passar dos anos. São comuns os casos de pessoas da mesma família com presença desse tipo de Hérnia.
Sintomas
O ácido do estômago que retorna para o esôfago provoca sensação de queimação no peito e, em alguns casos, espalha-se para a garganta, ocasionando gosto amargo na boca. Também são sintomas freqüentes tosse seca, dificuldade de deglutição, rouquidão, pigarro e sensação de “bola” na garganta.
Quando o refluxo atinge o pulmão, pode causar doenças respiratórias como pneumonia, bronquite e asma.
Diagnóstico
Os sintomas típicos da doença podem ser bastante sugestivos para o diagnóstico, porém, para sua confirmação, torna-se necessária a realização de uma endoscopia digestiva alta, na qual são detectadas as alterações relacionadas com refluxo gastroesofágico, como esofagite e hérnia de hiato.
Além da Endoscopia são indicados outros métodos específicos, como a pH-metria esofágica de 24hs a qual confirma a presença de refluxo gastroesofágico anormal, bem como mede a intensidade desse refluxo, e a manometria esofágica que avalia as condições do esfíncter esofágico inferior, bem como das contrações esofágicas que podem estar alteradas pelo refluxo. Na phmetria de 24hs, a acidez no esôfago e na faringe é medida e monitorada, a fim de avaliar a presença de ácido no esôfago e, dessa forma, classificar o grau e o tipo do refluxo.
Tratamento
Procurar um médico aos primeiros sinais da doença é fundamental para a indicação do melhor tratamento para cada caso. Somente o especialista poderá orientar o paciente em relação aos procedimentos adequados e ao tipo ideal de tratamento.
As opções terapêuticas dividem-se em tratamento medicamentoso ou cirúrgico. Os principais efeitos dos medicamentos utilizados são a diminuição do grau de acidez e a inibição da produção de ácido pelas células do estômago. Nos casos em que há Hérnia de Hiato associada a chance de indicação cirúrgica é maior
O paciente também deve combater os fatores de risco associados à doença, como obesidade e tabagismo, além de evitar o consumo de alimentos e bebidas que propiciam o refluxo do ácido gastroesofágico.
Quando está recomendado o tratamento cirúrgico o procedimento visa reconstruir a válvula do esôfago e nos casos com Hérnia de Hiato, realiza-se simultaneamente a correção da Hérnia. Atualmente a grande maioria dos casos de cirurgia são tratados por videolaparoscopia, que é um método minimamente invasivo, sem necessidade de grandes incisões e com tempo de hospitalização e recuperação ao trabalho bem mais rápidos. Além disso a dor no pós-operatório costuma ser mínima e o resultado estético é muito superior àquele da cirurgia aberta. A intervenção é feita por meio de pequenas incisões com a ajuda de uma microcâmera.
Prevenção
A prevenção consiste em evitar os fatores causadores da doença. Assim, recomenda-se manter o peso ideal, parar de fumar, não se deitar após uma refeição, evitar alimentos que provoquem azia, como os gordurosos, álcool, chocolate e cafeína, entre outros hábitos saudáveis de vida.
O que é uma hérnia abdominal?
Hérnia é um abaulamento na parede abdominal causada por ruptura desta musculatura. Ela pode ocorrer em vários locais como por exemplo no umbigo (hérnia umbilical) e na região inguinal (hérnia inguinal ou da virilha).
A hérnia inguinal é uma doença bastante comum. Cerca de 3% das pessoas tem este tipo de hérnia. Qualquer pessoa pode ter hérnia inguinal, de recém-nascidos até idosos, mas ocorre mais no recém-nascido por um defeito congênito (de nascença) e nos idosos por enfraquecimento dos tecidos (músculo) da parede abdominal. A hérnia inguinal é muito mais comum no homem do que na mulher.
A hérnia inguinal ocorre freqüentemente em pessoas com alguns problemas, como constipação intestinal, tabagismo, doenças da próstata, do pulmão, coração ou fígado. Estas situações geralmente aumentam a pressão dentro do abdômen e facilitam a ocorrência da hérnia.
Por que ocorre a hérnia inguinal?
Algumas pessoas apresentam pontos de fraqueza na parede abdominal, tanto por um defeito de nascença como adquirido, originando a hérnia. Situações que aumentam a pressão dentro do abdômen, como tosse crônica, constipação intestinal e dificuldade para urinar (doença da próstata), podem levar a formação da hérnia inguinal.
Quais são os sintomas da hérnia inguinal?
As pessoas que tem hérnia inguinal geralmente capazes de observam uma saliência ou abaulamento na região inguinal (virilha) de um ou dos dois lados. Esta saliência fica embaixo da pele e se torna mais evidente quando a pessoa tosse, ergue peso ou faz força. Muitos sentem desconforto ou dor quando fazem estes movimentos. A hérnia tende a aumentar de tamanho com o passar do tempo podendo ficar muito grande e em algumas pessoas descer até a bolsa escrotal. A complicação mais temida da hérnia é o estrangulamento, que ocorre quando o intestino fica preso dentro da hérnia, não podendo mais retornar para o abdômen e se não for tratado com urgência sofre gangrena (necrose do intestino). Esta complicação pode ocorrer tanto em hérnia pequena como na hérnia grande. O estrangulamento provoca uma dor contínua, intensa, de várias horas de duração, no local da hérnia. O intestino pára de funcionar e o paciente pode apresentar distensão do abdômen (estufamento), perda do apetite, náuseas e vômitos. Se você apresentar estes sintomas não perca tempo, procure o seu médico imediatamente. Esta complicação necessita de operação de emergência. O estrangulamento pode ocorrer em pessoas que tem hérnia há poucos dias ou mesmo anos. Lembre-se! O uso de suspensórios ou fundas não evita a ocorrência de estrangulamento e é impossível prever quando esta complicação acontecerá.
Diagnóstico
O exame da região inguinal pelo médico é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hérnia em quase todos pacientes. Quando um cirurgião identifica hérnia no exame do paciente, não há necessidade de fazer exames complementares para confirmar o diagnóstico de hérnia inguinal. Entretanto, em alguns casos, exames como a ultrassonografia pode ser indicado. É sempre importante examinar a região inguinal do outro lado para certificar-se que não existe outra hérnia. Uma pessoa que tem hérnia inguinal de um lado, freqüentemente pode ter hérnia do outro lado também, mesmo que ela não tenha sintomas.
Os exames pré-operatórios necessários, vão depender da situação clínica e da idade do paciente. Os mais frequentes são: Rx do tórax, eletrocardiograma e laboratoriais (hemograma, tempo de protrombina, glicemia, creatinina, equ)
Tratamento
O uso de fundas ou suspensórios de bolsa escrotal não é efetivo e deve ser evitado, pois além de não solucionar o problema pode retardar o tratamento e dar a falsa segurança de que a ocorrência de complicações está reduzida ou eliminada. A única forma de tratamento da hérnia inguinal é a realização de uma operação chamada de herniorrafia ou hernioplastia. Existem duas maneiras de realizar o tratamento cirúrgico da hérnia inguinal:
- Incisão ou corte (método aberto)
- Vídeo-cirurgia ou laparoscópico (“técnica dos furinhos”).
O seu médico poderá ajudá-lo a decidir qual operação é melhor para você. Esta decisão deve ser tomada após considerar a sua idade e situação clínica.
Incisão: A herniorrafia convencional ou aberta é a técnica mais realizada e pode ser utilizada com anestesia peridural. A operação é iniciada com uma incisão (corte) de cerca de 6 a 8cm na região inguinal. O tamanho do corte depende de vários fatores. Nas crianças e pessoas magras é geralmente menor e nos obesos maior. Quando a hérnia for dos dois lados, é necessário realizar um corte de cada lado. Após a localização da hérnia, a mesma é empurrada para dentro do abdômen e a abertura (orifício ou fraqueza) da parede abdominal é fechada com pontos. Em mais de 90% casos, coloca-se uma tela especial para reforçar a musculatura local e reduzir a possibilidade de recidiva da hérnia. Esta tela é feita de polipropileno, um material extremamente resistente e que não provoca rejeição do organismo. O seu cirurgião vai decidir se a tela é necessária no tratamento da sua hérnia.
Vídeo-cirurgia: A herniorrafia através da vídeo-cirurgia (“operação dos furinhos”) é geralmente realizada com anestesia geral. Inicialmente, é injetado gás (gás carbônico) dentro do abdômen para poder criar um espaço, para o cirurgião realizar a operação com segurança. Após a realização de 3 furinhos de um centímetro na parte de baixo de seu abdômen, uma câmera pequena é colocada através de um dos furinhos para que o cirurgião e a sua equipe possam visualizar o local da hérnia em uma televisão. Com o auxilio de instrumentos especiais (pinças, tesouras, material de sutura, etc), colocados através dos outros furinhos, a hérnia é empurrada para dentro do abdômen e o buraco na parede abdominal é fechado com uma tela interna. Quando a hérnia for dos dois lados, não é necessário realizar furinhos adicionais para tratar a outra hérnia.
As vantagens da correção cirúrgica da hérnia inguinal são: A recuperação rápida do paciente. A maioria dos pacientes fica internada no hospital somente de 12 a 24 horas e pode retomar ao trabalho e realizar todas as atividades, que não necessitem erguer muito peso, em 1 ou 2 semanas. Resolução completa e definitiva da doença com risco de infecção pequeno.
Todos pacientes com hérnia inguinal precisam operar?
Todas as pessoas com hérnia inguinal independente da idade devem ser operadas, com exceção dos que tem outras doenças graves e que apresentam risco cirúrgico elevado. Apesar dos excelentes resultados da cirurgia alguns pacientes podem ter problemas, como em qualquer procedimento cirúrgico. As complicações mais comuns são: infecção, hematoma (coleção de sangue), retenção urinária (impossibilidade temporária de urinar), recidiva da hérnia e risco anestésico. Na técnica videolaparoscópica (“técnica dos furinhos”), eventualmente pode ser necessário converter para a técnica aberta devido a dificuldades intra-abdominais como aderências.
Orientações Pós-Operatórias
A recuperação da operação é geralmente muito rápida e a maioria dos pacientes volta as suas atividades normais em poucos dias. As orientações abaixo devem ser seguidas para que você tenha pouco desconforto e boa recuperação. Não há dieta especial Você pode comer ou ingerir qualquer alimento que você queira inclusive alimentos sólidos. Alguns pacientes podem apresentar náuseas no primeiro dia após a operação devido aos medicamentos e anestésicos recebidos. Se você tiver náuseas tome somente líquidos em pequenas quantidades de cada vez. Estes sintomas geralmente desaparecem em 1 ou 2 dias, após o organismo eliminar os medicamentos recebidos no hospital. Se as náuseas e vômitos persistirem após este período, procure o seu médico. Os cortes ou furinhos serão fechados com pontos e cobertos com curativo (micropore). É comum que ocorra equimose (“azulado” ou “roxo”) ou pequenos sangramentos. Isto é normal, não se preocupe. Voce pode tomar banho normalmente, seque o abdômen com toalha, sem necessidade de cuidados especiais com os cortes. Entretanto, se o corte tiver aparência de infecção (vermelho, com secreção de pus ou com cheiro forte), contate o seu médico. Respire fundo 3 vezes a cada hora para expandir melhor o seu pulmão e evitar complicações como febre e pneumonia. Evite ficar muito tempo deitado ou sentado. Procure andar várias vezes ao dia. Você pode andar, subir escada e quando movimentar-se bem e com pouca dor, poderá dirigir. Você poderá erguer até 10 kg no primeiro mês de pós-operatório e até 20 kg entre o primeiro e o terceiro mês. Após este período não existem mais limitações. Em caso de dúvidas ou alguma complicação, procure o seu médico.
Outros tipos possíveis de Hérnias:
- Hérnia incisional
- Hérnia ventral
- Hérnia umbilical
- Hérnia epigástrica
A Obesidade é uma Doença?
Sim, a obesidade é uma doença incapacitante, que causa diminuição na qualidade de vida de uma parcela cada vez mais significativa da população, gerando sofrimento físico e psíquico. É registrada na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) como “Obesidade E66.0”. A obesidade também está associada a outras patologias, tais como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), apnéia do sono (dificuldade de respirar quando dorme), doenças pulmonares, cardiopatia isquêmica (infarto, angina), dislipidemia (aumento do colesterol e/ou triglicerídios) e, por conseqüência, diminui a expectativa de vida. Por muito tempo se acreditou que a obesidade era simplesmente o resultado de um desequilíbrio, do acúmulo de energia não utilizada pelo organismo, armazenada em forma de gordura. Hoje se sabe que a obesidade é uma doença de entendimento complexo e sua origem é multifatorial. O “ambiente obesogênico” – stress, sedentarismo, privação de sono, comidas industrializadas altamente calóricas e palatáveis – do estilo de vida ocidental, associado a uma predisposição genética individual, são fatores essenciais para o surgimento da obesidade.
Quais os Tratamentos Disponíveis
Existem diversos tratamentos para a obesidade, com resultados variáveis. Dietas balanceadas, dietas que restringem certas classes de alimentos, medicamentos ansiolíticos e sacietógenos são alguns exemplos, e sempre devem ser iniciados somente com acompanhamento médico e de nutricionista. Porém, para os indivíduos com obesidade grave, os melhores resultados são obtidos, comprovadamente, com o tratamento cirúrgico.
• Balão Intra-Gástrico
O balão é uma prótese de silicone, colocada por endoscopia no estômago, onde é inflado. Causa uma sensação de saciedade precoce, e está indicado nos casos de obesidade leve. O balão também pode ser utilizado em pacientes com indicação de cirurgia bariátrica mas que, por falta de condições clínicas, não podem ser submetidos ao procedimento cirúrgico.
• Cirurgia da Obesidade
A Cirurgia Bariátrica, ou Cirurgia da Obesidade, surgiu como uma poderosa ferramenta no arsenal terapêutico desta doença, por proporcionar perda de peso significativa e sustentada, com concomitante resolução completa ou parcial das doenças associadas.
Segundo a Portaria n° 492 de 31 de agosto de 2007, do Ministério da Saúde, a Cirurgia Bariátrica (ou Cirurgia da Obesidade) está indicada para portadores de Obesidade Mórbida, ou seja, pessoas que possuem Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 40 kg/m2 que não tiveram sucesso com outro tratamento por dois anos; ou para portadores de obesidade com IMC maior ou igual a 35 kg/m2 que possuem doenças desencadeadas ou agravadas pela obesidade.
O programa de tratamento aos pacientes com obesidade que apresentamos inclui a Cirurgia Bariátrica e um atendimento multidisciplinar com cirurgião, clínico, endoscopista endocrinologista, psiquiatra, anestesista e nutricionista. A avaliação pré-operatória é minuciosa, e o acompanhamento pós-operatório é de longo prazo. Seguimos um protocolo baseado nas recomendações do Ministério da Saúde, levando em consideração as peculiaridades de cada paciente, tanto físicas como emocionais.
Como se Calcula o IMC?
É bem simples. O IMC é obtido pela relação do peso, medido em quilos, e a altura elevada ao quadrado, medida em metros. A fórmula de cálculo é a seguinte:
IMC = |
|
Utiliza-se este índice como referência ponderal, e classifica-se o paciente de acordo com a tabela abaixo:
IMC | Classificação | |
Menor de 18 kg/m² | Déficit de peso | |
De 18 a 25 kg/m² | Normal | |
De 25 a 30 kg/m² | Sobrepeso | |
De 30 a 35 kg/m² | Obesidade Leve | |
De 35 a 40 kg/m² | Obesidade Moderada | |
Acima de 40 kg/m² | Obesidade Grave |
Utilizemos como exemplo uma pessoa que pesa 120 kg e mede 1,60 m de altura. Fazendo o cálculo (IMC = 120 / 1,602 ), obtemos o valor IMC = 46,875 kg/m². Conferindo com a tabela, esta pessoa pode ser classificada como portadora de Obesidade Mórbida. Outra forma mais simples de fazer o cálculo é dividir o peso pela altura e, após, dividir o valor obtido pela altura novamente. O resultado é o mesmo: 120/1,60 = 75; 75/1,60 = 46,875 kg/m².
A Equipe do iaD
O comprometimento é peça-chave no tratamento da obesidade. Esta é uma doença de origem multifatorial, de difícil controle, e que afeta indivíduos intelectualmente ativos e em plena fase produtiva da vida, causando importante limitação. Porém, através de um programa estruturado e com uma equipe experiente, é possível reverter esta situação, melhorar a qualidade de vida e mudar a história natural de uma doença cada vez mais prevalente no mundo contemporâneo.
O estômago é o órgão que vem logo após o esôfago, no trajeto do alimento dentro do aparelho digestivo. Ele tem a função de armazenar por pequeno período os alimentos, para que possam ser misturados ao suco gástrico e digeridos.
O câncer de estômago (também denominado câncer gástrico) é a doença em que células malignas são encontradas nos tecidos do estômago. Os tumores do câncer de estômago se apresentam, predominantemente, sob a forma de três tipos histológicos: o adenocarcinoma, responsável por 95% dos tumores gástricos, o linfoma, diagnosticado em cerca de 3% dos casos, e o leiomiossarcoma.
Epidemiologia
Cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago têm mais de 50 anos. O pico de incidência se dá em sua maioria em homens, por volta dos 70 anos de idade.
No resto do mundo, dados estatísticos revelam um declínio da incidência do câncer gástrico, especificamente nos Estados Unidos, Inglaterra e em outros países mais desenvolvidos. A alta mortalidade é registrada atualmente na América Latina, principalmente nos países como a Costa Rica, Chile e Colômbia. Porém, o maior número de casos de câncer de estômago ocorre no Japão, onde encontramos 780 casos por 100.000 habitantes.
Fatores de Risco
Vários estudos têm demonstrado que a dieta é um fator preponderante no aparecimento do câncer de estômago. Uma alimentação pobre em vitamina A e C, carnes e peixes, ou ainda com uma alto consumo de nitrato, alimentos defumados, enlatados, com corantes ou conservados no sal são fatores de risco para o aparecimento deste tipo de câncer. Outros fatores ambientais como a má conservação dos alimentos e a ingestão de água proveniente de poços que contém uma alta concentração de nitrato também estão relacionados com a incidência do câncer de estômago.
Há também fatores de risco de origem patológica. A anemia perniciosa, as lesões pré-cancerosas como a gastrite atrófica e metaplasia intestinal e as infecções gástricas pela bactéria Helicobacter pylori podem ter fortes relações com o aparecimento desta neoplasia. No entanto, uma lesão pré-cancerosa leva aproximadamente 20 anos para evoluir para a forma grave. Sendo assim, a medida mais eficaz para diminuir os riscos é iniciar uma dieta balanceada precocemente, ainda na infância.
Pessoas fumantes, que ingerem bebidas alcoólicas ou que já tenham sido submetidas a operações no estômago também têm maior probabilidade de desenvolver este tipo de câncer.
Prevenção
Para prevenir o câncer de estômago é fundamental uma dieta balanceada composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras. Além disso, é importante o combate ao tabagismo e diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas.
Detecção Precoce
A detecção precoce pode ser feita por rastreamento populacional, através de exame radiológico contrastado do estômago. Este procedimento é indicado somente para pessoas que residem em áreas com elevado índice de incidência e mortalidade, como o Japão.
No entanto, ao sentir sintomas digestivos como dor de estômago, saciedade precoce ou vômitos, inclusive hemorrágicos, procure um especialista.
Sintomas
Não há sintomas específicos do câncer de estômago. Porém, algumas características como perda de peso, anorexia, fadiga, sensação de plenitude gástrica, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente podem indicar uma doença benigna ou mesmo o câncer de estômago.
Massa palpável na parte superior do abdome, aumento do tamanho do fígado e presença de linfonodo (íngua) na região supraclavicular esquerda (região inferior do pescoço) e nódulos periumbilicais indicam o estágio avançado da doença.
Sangramentos gástricos são incomuns em lesões malignas, entretanto, a hematemese (vômito com sangue) ocorre em cerca de 10 a 15% dos casos de câncer de estômago.
Diagnóstico
Um número elevado de casos de câncer de estômago é diagnosticado em estágio avançado devido aos sintomas vagos e não específicos. Embora a taxa de mortalidade permaneça alta, um significativo desenvolvimento no diagnóstico deste tipo de câncer permitiu a ampliação do número de detecções de lesões precoces. Atualmente são utilizados dois exames na detecção deste tipo de câncer: a endoscopia digestiva alta, o método mais eficiente, e o exame radiológico contrastado do estômago. A endoscopia permite a avaliação visual da lesão, a realização de biópsias e a avaliação citológica da mesma. È o principal exame diagnóstico e deve ser estimulada sua realização nas pessoas com fatores de risco acima mencionados. Através da ultrassonografia endoscópica é possível avaliar o comprometimento do tumor na parede gástrica, a propagação a estruturas adjacentes e os linfonodos.
Tratamento
O tratamento cirúrgico é a principal alternativa terapêutica para o câncer de estômago. A cirurgia de ressecção (gastrectomias) de parte ou de todo o estômago associada à retirada de linfonodos, além de permitir ao paciente um alívio dos sintomas, é a única chance de cura. Para determinar a melhor abordagem cirúrgica, deve-se considerar a localização, tamanho, padrão e extensão da disseminação e tipo histológico do tumor. São também esses fatores que determinam o prognóstico do paciente. A radioterapia e a quimioterapia são considerados tratamentos secundários que associados à cirurgia podem determinar melhor resposta ao tratamento. Quando o tratamento cirúrgico ocorre nas fases iniciais a taxa de cura pode ser superior a 90%.